domingo, 18 de outubro de 2009


Os Minerais e os Colecionadores
Colecionar coisas faz parte da natureza humana. Desde a infância temos a tendência de juntar objetos de determinada espécie, de modo ordenado ou não. Quando meninos, colecionamos figurinhas, moedas, selos, etc. Adultos, passamos a preferir objetos de maior valor, como relógios e obras de arte. Até podemos continuar colecionando selos e moedas, mas com outra visão e atentos ao seu valor monetário, não apenas pelo prazer de ter grande quantidade daquilo de que se gosta.
Assim, colecionar minerais não é nenhum hobby estranho. Pelo contrário, é muito comum em vários países, como Estados Unidos e Itália. No Brasil, apesar da grande diversidade de nossas riquezas minerais, em especial pedras preciosas, ainda há poucos colecionadores. Até alguns anos atrás - diríamos até o fim dos anos 80 -, eles eram até raros. De lá para cá, a crescente busca por cristais para energização, para cura e para outros fins ditos esotéricos despertou muito o interesse da população por esse tipo de coleção e hoje já não é difícil encontrar quem colecione minerais.
Esse crescente interesse verifica-se também entre as crianças brasileiras, embora não saibamos a que atribui-lo exatamente.

Por que colecionar minerais ?
Podendo-se colecionar tantas coisas, por que escolher especificamente minerais ?
Uma boa razão é a sua beleza, principalmente a daqueles bem cristalizados. Mas essa é uma razão por demais óbvia, pois todo colecionador busca objetos agradáveis ao olhar.
Uma razão mais específica é a possibilidade de se obter peças para a coleção sem precisar comprá-las ou fazer trocas. As coleções, sejam do que forem, costumam crescer bastante através de compras e do intercâmbio com outros colecionadores. Mas, os minerais, por ocorrerem na natureza, podem ser colecionados sem que se tenha necessariamente de usar esses meios. Isso é particularmente válido para colecionadores que trabalham no setor mineral, como geólogos e engenheiros de minas.
Outra característica da coleção de minerais é sua universalidade. Coleções de moedas, selos, obras de arte freqüentemente estão muito ligadas a um determinado país ou região da Terra. Elas podem, é claro, ter uma abrangência internacional, mas não são, como os minerais, naturalmente internacionais. Além disso, que outro tipo de coleção pode contar com peças provenientes de fora da Terra, se não uma coleção e rochas e minerais, com seus meteoritos, tectitos e amostras coletadas na Lua ?
Por mais antigo que seja um documento, uma obra de arte, uma moeda, o que é sua idade – medida em séculos ou milênios – diante da idade das rochas e minerais, medida em milhões de anos ?
Outra característica marcante dos minerais é serem substâncias produzidas sem a participação do Homem. São obras da natureza e, como tal, não estão sujeitos a avaliações pessoais quanto à habilidade de quem as fez, sobre o gosto artístico de quem as produziu, etc. Os minerais, belos ou não, são como são porque a natureza assim os fez, não porque mãos mais ou menos habilidosas sobre eles agiram.
Além disso, características que poderiam ser classificadas como defeito podem ser - e muitas vezes o são de fato - detalhes que tornam a peça muito rara, se não única.
Para o geólogo e outros geocientistas, colecionar minerais é o melhor meio de se aprender a reconhecê-los. O manuseio constante, o exame comparativo de indivíduos da mesma espécie procedentes de diferentes regiões, a observação de particularidades que não influenciam na sua classificação mas que lhe são típicas, tudo isso leva o colecionador a desenvolver uma aguda percepção das características do material que coleciona, percepção esta que nem os melhores manuais de Mineralogia conseguem proporcionar.
Embora haja um bom número de minerais facilmente suscetíveis a sofrer danos, por terem baixa dureza, sensibilidade à luz, sensibilidade à umidade, etc. , os minerais têm uma resistência física muito superior à dos seres vivos, e até mesmo maior que a de objetos como quadros, selos, fotografias, etc.

Como colecionar minerais ?
A primeira grande decisão de quem decide colecionar minerais é que tipo de material coletar. As coleções sistemáticas abrigam todo tipo de mineral e tem na diversidade seu objetivo maior e seu maior valor. Ela são a melhor opção para quem está começando. Com o tempo, o colecionador poderá optar por especializar-se, colecionado um grupo específico de minerais.
Para quem não dispõe de bastante espaço ou não conta com muitos recursos para obter peças novas, pode ser bem melhor uma coleção menos abrangente. Sem um bom espaço para crescer, uma coleção sistemática dificilmente será importante. Já uma coleção específica poderá rivalizar com acervos de bons museus.
Um bom exemplo disso é dado por Jules Sauer, um dos maiores joalheiros do Brasil. Embora tenha condições de adquirir ampla variedade de minerais de todo o mundo, coleciona apenas turmalinas.
Outro aspecto intimamente relacionado com espaço é o tamanho das peças do acervo. Quem dispõe de área restrita, obviamente não poderá ter muitas peças grandes, devendo optar por aquelas que os colecionadores norte-americanos chamam e cabinet, thumbails ou mesmo micromounts.
Mas, aí cabe uma advertência: as peças da coleção não podem ser tão pequenas a ponto de tornar muito difícil a identificação do mineral. Minerais comuns em peças que exigem leitura da etiqueta de identificação para saber de que se trata, certamente são pequenos demais. As características distintivas devem ser facilmente reconhecíveis.
Não é só através de troca de minerais que uma coleção se torna grande e importante. Também através das trocas de informações entre os colecionadores. Mesmo um mineralogista experiente, com sólido conhecimento geológico, pode perfeitamente ficar em dúvida ao tentar identificar uma peça que outro, menos especializado, sabe de que se trata. O mesmo pode acontecer com relação à procedência do mineral. Amostras de procedência ignorada podem ter sua origem diagnosticada por um colecionador experiente com base em algumas características físicas típicas da localidade de onde provém.
Esse intercâmbio é particularmente salutar quando feito através de associações de mineralogistas ou de colecionadores. Lá as informações abrangem maior público e têm seu valor cientifico reconhecido e aproveitado.
Outra preciosa fonte de informações para quem coleciona são os museus. Aprecie suas belas peças, aprenda sobre sua composição e procedência e proponha troca de materiais e informações.
O respeito pelos demais colecionadores é uma característica do colecionador consciente. Ao coletar amostras de um afloramento, não traga mais do que as necessárias, muito menos danifique as que por alguma razão não poderá trazer. Outros colecionadores ou cientistas passarão por ali e merecem a oportunidade de encontrar também o que você encontrou.
Pode haver exceções: em pedreiras onde toda a rocha removida é usada para produção de brita, não só o colecionador pode como deve coletar tudo o que estiver ao seu alcance, repassando a sobra para museus, escolas e, é claro, outros colecionadores.
Colecionar minerais ? Por que não ?
Perguntamos, no inicio, Por que colecionar minerais ?
Segundo Fredrick H. Pough, um dos maiores mineralogistas norte-americanos, entre as ciências de base, só a Mineralogia é um passatempo educativo; ela combina a Química, a Física e a Matemática.
Assim, a pergunta a fazer talvez seja então não Por que colecionar minerais ?, mas sim Por que não colecionar minerais ?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bem vindos

Bem vindos ao meu blog. Ele ainda está em construção, voltem sempre para conferir as novidades.